Por Breno
Altman
O impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff vai se revelando um brutal erro de cálculo
das classes dominantes, desses para inscrição com favoritismo no campeonato
mundial de tiro ao pé.
Tivessem se
conservado no terreno da Constituição e mantido o governo Dilma sob pressão, na
rota de concessões do segundo mandato, cuja lógica de apaziguamento do capital
e seus agentes políticos detonava a base social do campo popular, e
provavelmente o PT - ainda por cima acossado pela Lava Jato - estaria eleitoralmente
inviabilizado, arrastando até mesmo Lula para o fundo do poço.
Ao optarem
pelo golpe, na ansiedade por aplicar a qualquer custo sua agenda liberal, foram
pelo caminho de um governo sem legitimidade, entregaram a bandeira da
democracia para a esquerda e colocaram diretamente no colo dos partidos
burgueses o custo político da crise econômica.
Mais de um ano
depois do golpe, as principais agremiações do campo golpista - PMDB e PSDB -
estão quase destroçadas, a ultra-direita lhes rouba espaço eleitoral, a
esquerda retomou com firmeza e unidade o discurso contra o neoliberalismo, os
movimentos sociais se rearticulam, a imagem do PT se recompõe a olhos vistos e
Lula dispara nas pesquisas.
O cenário,
claro, continua de enormes dificuldades para o campo progressista, mas o
mal-passo das elites, se lhes permitiu uma rápida vitória tática, com o
impeachment, abrindo espaço para as reformas antidemocráticas e antipopulares
em curso, a médio prazo pode lhes custar muito mais caro que o benefício
atualmente arrecadado.
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