quarta-feira, 19 de abril de 2017

AS MANCHETES SONEGADAS E O FASCISMO

Por Tarso Genro

As delações premiadas são confissões-informações prestadas por cidadãos que já reconhecem ter cometido delitos e pretendem, através de uma colaboração formal com o Ministério Público e o Poder Judiciário, obter reduções significativas de penas e até condições especiais para o cumprimento das mesmas. Defendo que o instituto da “delação” - usado com as devidas cautelas constitucionais - pode ser um bom instrumento para nortear investigações e constituir provas para comprovar delitos de difícil aferição.
O que está acontecendo no país, porém, não é isso. Trata-se de um outro processo, de natureza jurídico-política, que caracteriza bem os momentos de “exceção” que submetem, hoje, a democracia brasileira. Momentos que pervertem o Estado de Direito, ferem o direito de defesa e promovem linchamentos pela mídia tradicional, no melhor estilo da imprensa stalinista, contra os “inimigos do povo soviético” e da imprensa nazi-fascista, que adiantava as sentenças do Tribunais domesticados pelo sistema policial, autonomizado dos demais poderes do Estado. O sistema policial, nestas hipóteses, era o próprio Estado.

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