Mordomo
Por Fernando Brito
Nenhum esquerdista: as associações de magistrados pedem
investigação rápida e transparente da queda do avião que levava Teori Zavascki.
A começar da viagem para um hotel de Parati no dia seguinte
a ter interromper suas férias, segundo os jornais, para apressar a homologação
do lote de delações da Odebrecht. Noticiava ontem o Valor:
“O relator da Lava-Jato, ministro Teori Zavascki, voltou
nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para analisar as delações
premiadas dos 77 executivos da Odebrecht. O ministro interrompeu as férias,
iniciadas no fim de dezembro, quando começou o recesso do tribunal, para
começar os procedimentos preparatórios para a homologação das delações”.
O ministro estava em Parati, viajou de quatro a cinco horas
ontem (Parati/SP/Brasília) e voltou,
para uma jornada igual, hoje, inopinadamente?
O choque do avião no mar foi só uma confusão mar-horizonte a
mais de 2 km da pista? Uma desistência do pouso, um meia-volta fechada à baixa altitude e velocidade, o famoso stall
turn, onde o avião perde sustentação e
sofre um queda repentina, que só pode ser recuperada se o avião não estiver muito perto do solo
ou, neste caso, na superfície do mar.
Outra “curiosidade” é o dono do avião e do hotel e do avião,
Carlos Alberto Filgueira, assunto para mais algumas horas.
Não vou entrar numa inda de teorias de sabotagem, embora as
razões políticas para isso sejam inquestionáveis. Apenas registo que se noticia
que a equipe da Polícia Federal escalada para investigar é a mesma que (não)
apurou o acidente com Eduardo Campos, que não é lá muito alvissareiro.
O que há de concreto é o espetáculo da pressa mórbida de
indicar o substituto de Teori Zavascki
por Michel Temer, cujo comparsa, digo, o íntimo Moreira Franco já dá
declarações de que será “o mais rápida possível”, enquanto o corpo de Teori
está ainda debaixo d’água.
É asqueroso como a Globonews “força a barra” para dizer que
tem de sair logo a indicação.
Um ministro indicado por Michel Temer, listado nas
delações, e aprovado pelos senadores,
listados nas delações , homologando as delações é, realmente, uma prova da
originalidade da nossa democracia de formalidades.
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