sábado, 21 de fevereiro de 2009

NO CLIMA DO CARNAVAL, LEMBRANÇAS DA NOSSA MICARETA





A primeira festa momesca em Feira com o nome Micareta foi aberta no sábado, 27 de março de 1937, com o mesmo ritual dos tempos atuais: coroação das majestades e entrega das “chaves” da cidade ao Rei Momo(foto). Era prefeito, Heráclito Dias de Carvalho (foto).













Nos clubes, principalmente “25 de Março” e “Victória”, na famosa “Rua Direita”, hoje Conselheiro Franco, foram realizados bailes a fantasia reunindo a sociedade local, da região e até gente da “Bahia” (alusão aos moradores da capital)..

Nas ruas, em especial também na “Rua Direita”, que foi o primeiro “quartel general” da folia, blocos, cordões, mascarados e batucadas (“As Melindrosas”, “Flor do Carnaval”, “Amantes do Sol”, etc.) se encarregaram de encher de brilho o que hoje se denomina “sitio da festa”.

Ao longo do tempo – agora em 2009 completando 72 anos, a micareta deixou de acontecer em razão da Segunda Guerra Mundial, e em 1964 por conta do “Golpe Março”. Mas em 1945 só não houve folia de rua, pois a “25 de Março” (foto) publicou edital anunciando a realização de quatro grandes bailes.

Concebida por personalidades notáveis da cidade, como Antonio Garcia, João Bojô, Mestre Narcisio, Maneca Ferreira, Manuel de Emilia, Álvaro Moura, Arlindo Ferreira e seguidores como Oscar Marques (foto), Gilberto Costa, Carlos Marques, Ildes Meireles, Joselito Julião Dias e tantos outros escolhidos para presidi-la, a maior micareta do Brasil, cresceu e avançou.


No começo dos anos 70, na gestão do prefeito Newton Falcão, a prefeitura criou uma diretoria especial e assumiu totalmente a festa em 197l, “aposentando” as tradicionais comissões organizadoras que com o famoso “livro de ouro” visitavam pessoas e empresas buscando os
recursos que bancavam a folia.



Ainda naquela década o prefeito José Falcão (foto) criou a Secretaria de Turismo para cuidar de toda a programação. Na seqüência, em 1975, instituiu concurso para a escolha do Rei Momo, não mais trazendo “Ferreirinha”, o Rei Momo do carnaval de Salvador . Já o prefeito Colbert Martins criou os primeiros camarotes e arquibancadas.


A micareta soube acompanhar os avanços da cidade. Os bailes à fantasia trocaram “25 de Março” e “Victória”, pelos amplos e modernos salões da Euterpe Feirense, Feira Tênis Clube, Clube de Campos Cajueiro e outros menores como Clube dos Comerciários, Ali Babá, Clube dos Sargentos e Clube dos Trabalhadores. Ressalte-se que Tênis e Cajueiro, criaram os bailes pré-micaretescos, “Uma Noite no Hawaí” e “Caju de Ouro” (foto), respectivamente.


Os desfiles e a animação popular, no começo na “Rua Direita” (desde a Conselheiro Franco até a Tertuliano Carneiro), chegaram às praças da Bandeira e João Pedreira (foto), se expandiram pela avenida Senhor dos Passos e quando davam sinais que ocupariam toda a extensão da longa avenida Getulio Vargas, foram transferidos em 2.000, na ultima micareta do milênio, para a avenida Presidente Dutra, na
administração do prefeito Clailton Mascarenhas, que promoveu as primeiras melhorias.


O espetáculo do préstito momesco com ricos carros alegóricos (os últimos nasceram da imaginação do artista Charles Albert), conduzindo rainha e princesas arrancando aplausos - entre elas e em tempos diferentes, Eunice Boaventura, Doralise Bastos, Helenita Tavares, Sonia Cerqueira, Alda Lima Coelho, Maria Angélica Caribé, Ana Maria Nascimento (foto) e Sônia Menezes - cederam lugar aos carros sonoros conduzindo moças e rapazes com coloridas mortalhas do “Bloco do Caju”, “Fetecê”, “Mendonça” e outros.


Os blocos e batucadas, das primeiras folias, foram ganhando sucedâneos, de diversas origens, como o “Pinta Lá”, dos servidores públicos municipais; os trio-elétricos, como o pioneiro “Patury” (foto)de Péricles Soledade, nos anos 50, deram lugar a máquinas potentes como a da banda “Chiclete com Banana”.








As marchinhas de compositores da cidade (Carlos Marques, Joaquim Sampaio Oliveira, Estevam Moura, Gastão Guimarães, Eliziário Santana, Adalardo Barreto, Arlindo Pitombo, Aloísio Resende, Dival Pitombo, Alpiniano Reis, Honorato Bonfim (foto) e outros), saíram de cena dando espaço a letras interpretadas por “furacões” como Ivete Sangalo.





As escolas de samba e os cordões de antigas micaretas abriram alas para “Malandros do Morro”, “Unidos de Padre Ovídio”, “Império Feirense”, “Os Formidáveis” e “Marques do Sapucaí”, que à exemplo das antecessoras entregavam a autoria dos seus enredos à nova geração de compositores da terra, entre eles Carlos Piter, Vadu, Roberto Pitombo (foto), Edson Bonfim, geralmente pregando o grito de liberdade, ou exaltando o mundo do candomblé.

Eventos que anunciavam mais uma festa de momo, como “Grito de Micareta nos Bairros” com os cantores locais interpretando antigas e novas marchas e ranchos e o “Baile dos Artistas” , este surgido no final dos anos 60, reunindo os meios artístico-culturais e convidados ilustres, as vezes com transmissões ao vivo, foram substituídos por “levadas” e “feijoadas”, da mesma forma reunindo foliões e artistas, dias antes da abertura da festa.

Por fim, no lugar dos antigos serviços fixos de som , narrando a folia registrada nas ruas - “SPR Constelação, a voz do sertão, falando diretamente da marquise da Loja Pires para onde abrange toda a sua rede sonora” - , as numerosas equipes das emissoras de rádio e televisão (foto), sites, blog, transmitindo em tempo real, para a Bahia , o Brasil e o Mundo, os lances de uma micareta que cresce e avança, mas preservando do passado a grande animação dos foliões.


- A partir de hoje até o inicio da festa deste ano, vamos viajar no tempo, reordando acontecimentos marcantes da maior micareta do Brasil, a micareta de Feira de Santana...

Nenhum comentário:

Postar um comentário